Negra, eu ouvi teu gemido.
Teu gemido em mim é poesia.
Eu ouvi as chamas de teu pranto
e meu verso do porão virou grito.
Por isso invoquei a águia do oceano
para adormecer a fúria dos homens.
Em rimas venho dizer-te, negra:
enegreça a fúria do homem branco
com o cintilante de tua negra cor.
Seja como for, seja FLOR
Floresça, negra!
Não se curve, nunca!
Banhe os olhos turvos
do excludente e indiferente.
Não pare, negra!
Siga adiante!
Marche!
Não recue! Enalteça-te!
E digo mais,
preta cor de amora,
sorria pelo rio afora!
Diga que não és mito
Diga
Repita
Reprise
E grite: AVANTE!
Avante com seu canto
pois maior que a dor será teu riso
o riso da mulher negra
é o véu do infinito.