sábado, 21 de maio de 2022

PARTILHA

 

Não se partilha afeto em retalhos

porque meros afetos são detalhes,

pontas falhas, linhas tortas e torpes.

 

O amor é uma cena de gozos

sorrisos, toques e delírios a rasgar

o corpo molhado e suado da poesia.

 

O corpo intenso de Madalena

já não pode ser o amor sagrado.

Sagrado é o que fica depois

que Madalena rasga seu véu,

deixa a camisola vermelha

nos prostíbulos da poesia.

 

Afinal, Madalena caminha adiante

porque suas noites são de ausências...

E Madalena, vestida do perdão de si,

escreve suas histórias apenas de corpo...

Com o corpo se faz versos,

apaga-se rimas, mede-se ritmos.

Mas o amor é o que ela levou

para além de uma efemeridade.

(Rosidelma FRAGA).