PARTILHA
Não se partilha afeto em retalhos
porque meros afetos são detalhes,
pontas falhas, linhas tortas e torpes.
O amor é uma cena de gozos
sorrisos, toques e delírios a rasgar
o corpo molhado e suado da poesia.
O corpo intenso de Madalena
já não pode ser o amor sagrado.
Sagrado é o que fica depois
que Madalena rasga seu véu,
deixa a camisola vermelha
nos prostíbulos da poesia.
Afinal, Madalena caminha adiante
porque suas noites são de ausências...
E Madalena, vestida do perdão de si,
escreve suas histórias apenas de corpo...
Com o corpo se faz versos,
apaga-se rimas, mede-se ritmos.
Mas o amor é o que ela levou
para além de uma efemeridade.
(Rosidelma FRAGA).