Coroai-me de verdades absolutas
Não me tinjas um poema
de brandura
Meu corpo já não cabe o
fingimento
de uma sensibilidade
líquida e medida.
Corai-me de ausências
que tanto canto
Coroai-me da canção de
Mozart em silêncio
Coroai-me daquilo que não seja efêmero.
Coroai-me do cândido
sorriso
da menina que vestiu a
fome
e bebeu os pedaços do
abandono.
Corai-me de rosas de
todos os amantes
Coroai-me do amor de
todos os gêneros
Coroai-me do AMOR e do
AMOR somente.
Coroai-me da pele negra
excluída
Coroai-me do amor
divino
mas não me venha com
religiões!
Não ando mais com um
Deus maléfico
O Deus em mim é a chama
do amor
que o vento não leva e
o tempo não consome.
E se o amor de Deus é
humano e sangra
Coroai-me então do riso
largo da prostituta
que perdeu a calcinha
do pecado na esquina,
sem pudor, preta ou
branca, sem religião,
mas com o sentir de
gente, com Amor e Perdão...
Coroai-me “do
azul-perdão no olho do mendigo”
Porque já não quero um
sentimento de mundo
que minhas entranhas
não mais darão as mãos.
(Rosidelma Fraga. In: AmorAmante (2018).).
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